Empatia em tempos de ódio
Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante? (Henry David Thoreau)
Sempre achei Thoreau um americano peculiar: foi escritor, poeta, naturalista, ativista e um “desobediente civil”, pois se recusou inúmeras vezes a pagar impostos para não financiar a guerra e a escravidão. Mas ele ficou mais conhecido por ser o homem que viveu dois anos isolado na floresta, materializando suas experiências no livro “Walden, ou A vida nos bosques”, publicado em 1854. Ele foi morar no bosque de livre vontade, pois desejava “sugar todo o tutano da vida” e “defrontar apenas com os fatos essenciais da existência”. Em dois anos de solitude e reflexão, ele viveu uma vida que muitos de nós gostaríamos de viver.
Thoreau e Design possuem muito a ensinar sobre empatia. Assim como Thoreau desejou viver apenas os fatos essenciais da vida, os designers também buscam projetos que resolvam os problemas reais e essenciais das pessoas.
Thoreau, enquanto pessoa, e o Design, enquanto área de atuação: ambos buscam apenas os fatos essenciais, procuram enxergar o mundo a partir do olhar do outro e desejam fazer do mundo um lugar melhor.
Existem diversas formas de mudar o mundo e fazer dele um lugar mais humano e acolhedor. Uma delas é se relacionando e conversando com as pessoas: a chamada empatia. Podemos definir empatia como uma aptidão para se identificar com o outro e sentir o que ele sente. É como diz um provérbio indígena americano: você não deve julgar uma pessoa até ter caminhado uma milha com os mocassins dela. Quanto mais se exercita a empatia, mais ela é aperfeiçoada. É um aprendizado constante.
A empatia é também uma das habilidades essenciais para se produzir bons projetos de Design. Não é incomum os designers serem também pesquisadores, antropólogos e curiosos.
Designers são aquelas pessoas que irão se sentar no banco da praça de alimentação com um caderno em mãos, simplesmente para observar o movimento e comportamento das pessoas e, a partir disso, desenvolver soluções para os mais variados problemas.
Ser empático é ser curioso. E um modo acessível para se praticar a empatia é sair pelas ruas, sentar em um banco de praça e observar as pessoas. Como elas caminham, para onde elas estão indo, no que elas estão pensando, como elas se vestem, com quem elas conversam. Simplesmente observar, sem julgamentos. Enxergá-las de fato, como seres humanos únicos e singulares que vivem e possuem vidas, histórias e emoções.
Após cultivar esse olhar, você também pode dar um passo mais ousado: conversar com as pessoas. Demonstrar interesse genuíno. Seja dentro de um supermercado, em uma sala de espera do dentista ou na fila do restaurante.
Todas as pessoas são interessantes, a partir do momento em que existe abertura para conhecê-las de fato. Faça perguntas, indague, entenda, se interesse. O mundo é um campo de pesquisa enriquecedor e está à nossa disposição.
Vamos trabalhar a empatia em sua marca?